segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Minhas impressões sobre o resultado das eleições de 2012

Tentarei analisar o resultado das eleições com a maior isenção possível buscando entendê-la não só pela visão de alguém que participou diretamente do pleito, mas com os olhos de um observador político que acompanha há muito tempo a política da minha cidade. Evidente que o resultado de uma eleição é a somatória de muitos fatores. Muitos previstos antes do processo eleitoral, outros deparados em seu curso e sem nenhuma previsibilidade. Em Atibaia e em muitas cidades da região, já que não tomei conhecimento se tal sentimento foi mais amplo, a vontade de mudança foi muito forte e talvez tenha sido o sentimento coletivo mais comum e de maior impulso eleitoral. O desgaste de 12 anos ou três mandatos do partido verde (2001/12) foi indiscutível e a má avaliação do último mandato (2009/12) contribuiu decisivamente para que o desejo de mudança prevalecesse. Além do governo do dr. Denig ter tido fraco desempenho administrativo e péssimo desempenho político, foi castigado por fortes chuvas e as conseqüentes enchentes que assolaram alguns bairros da cidade por meses em pelo menos dois anos de mandato. Todos os problemas enfrentados tiveram na ausência de uma forte liderança política na figura do prefeito e nos graves problemas pessoais por que ele passou a marca de uma gestão que além de não conseguir dar continuidade aos projetos implantados nos dois mandatos anteriores foi marcada também por não concluir as obras e ações políticas mais simples e necessárias. A tão comentada e equivocada execução das obras de revitalização da rua José Lucas pode ser considerada como marco negativo da atual administração. Enfim, salvo algumas poucas realizações de vulto a administração 2009/12, na minha ótica, passará para história recente da cidade, como uma das mais ineficientes, marcada em síntese pela falta de dinamismo, liderança, competência e também pela falta de sorte marcada pelos eventos naturais. Passaremos a analisar os números do pleito, mas sem antes comentar os números das eleições de 2008 que dá início ao pleito deste ano. Em 2008 o prefeito dr Denig conseguiu 45,55% dos votos válidos, portanto, a maioria dos votos válidos, ou seja, 54,35% já apostavam para o desejo de mudança, quer através do candidato Sérgio Mantovaninni que obteve de 41,76%, o qual conseguiu unir grande parte da oposição; quer através do candidato Tiãozinho da Farmácia, antigo aliado do PV, representando o grupo político liderado pelo deputado Edmir Chedid de Bragança que obteve 12,69% dos votos válidos. Duas indefinições marcaram o início do processo eleitoral de 2012: 1) A indefinição sobre a candidatura ou não de Sérgio Mantovaninni que sabidamente não iria mais conseguir reunir os mesmos partidos oposicionistas que reuniu em 2008, a qual só se definiu oficialmente no último dia do prazo eleitoral contribuiu para que uma candidatura do DEM do deputado Edmir ganhasse cada vez mais força e fosse inevitável (há quem aposte que tal candidatura [a do DEM] aconteceria com ou sem o Sérgio), bem como o fortalecimento da terceira via liderada pelos vereadores Saulo e Emil Ono que desde logo mostrou que não caminharia nem com a situação, tampouco com oposição liderado pelo DEM. 2) A indefinição sobre a candidatura a reeleição ou não do prefeito Denig e especialmente a ausência dele como a principal liderança política no processo contribuiu muito para as fortes mudanças estruturais na formação do grupo de sustentação ao governo e para o fortalecimento do grupo da terceira via que nasceu e se fortaleceu basicamente por descontentamentos havidos na base do grupo governista. Em síntese, a oposição se dividiu em dois grandes grupos: O liderado pelo deputado estadual Edmir Chedid, velho adversário do deputado Beto Tricoli e o liderado pelo deputado federal, Roberto Santiago, ex-aliado de Beto. Já para o governo faltou interlocução, liderança e capacidade de agrupamento político e sobrou confiança baseada nas últimas vitórias eleitorais e assim se definiram os candidatos a prefeito: Luiz Fernando Pugliesi que era para ter sido o candidato do PV em 2008 pela situação em lugar do prefeito Denig; Professor Wanderley, vereador mais votado da história da cidade em 2008 pelo DEM e com apoio do governo estadual; Saulo Pedroso de Souza pelo recém criado PSD, ou terceira via e Promotor Arthur que caminhou sozinho com o seu inexpressivo PHS. Em tese, mesmo o governo estando mal avaliado, a presença da terceira via no processo e o peso da máquina tenderiam a dar vitória para situação. Este foi o sentimento que norteou o início do processo eleitoral. Contudo, com o passar dos dias e com a ausência de uma mídia de massa (televisão) e com a ausência do candidato escolhido pela situação nos últimos quatro anos na política da cidade e a forte presença política do candidato do DEM nos últimos anos, fez com que o processo eleitoral começasse com grande vantagem ao candidato do DEM que liderou todas as pesquisas durante quase todo processo eleitoral, senão em todo, já que a idoneidade das pesquisas neste pleito é bem questionada. A pouca empolgação por parte dos eleitores marcou o pleito todo. Como já disse, a falta de uma grande mídia (televisão) resumiu a campanha nos cavaletes que marcaram presença nos cruzamentos, praças e canteiros, bem como, os mini outdoor, nos poucos comícios onde os candidatos falavam basicamente para seus correligionários, candidatos a vereador e para as moscas e nas caminhadas e visitas, sempre presentes em todas campanhas. Portanto, as formas de promoção dos candidatos igualou a todos que tiveram condições de fazer o que foi citado acima. Quem apostou que teria vantagens ou desvantagens em razão do tamanho do grupo político e da possível falta de recurso errou e as campanhas, maiores ou menores, melhores ou piores tiveram a mesma cara. Outra marca da campanha deste ano foi o aumento dos materiais, anônimos ou assinados contra os adversários, jogados de uma forma ou de outra nas vias públicas durante a madrugada. Acordar e se deparar com material feito por um grupo contra o outro (basicamente PV e DEM) enojou a grande maioria dos eleitores. Tal atitude descontrutiva dos grupos políticos também foi marca nas redes sociais que ganharam mais peso. Nelas a triste figura de personagens ‘fakes’ (perfis falsos) atacando-se mutuamente levou a porcaria do material impresso jogado nas madrugadas nas ruas para dentro de casa através do computador. Saulo que procurou fazer uma campanha mais propositiva e evitou entrar em confronto direto com os adversários, levou a melhor. Por fim outro fato que marcou este último pleito foi o ódio propagado por alguns partidários do grupo liderado pelo DEM e do grupo liderado pelo PV, especialmente do primeiro, que neófitos que adversários políticos não devem ser inimigos pessoais pautaram toda campanha em clima de verdadeira guerra e nutridos por rancores e sentimentos incompatíveis com o bom viver e com a política limpa. Resultado: 34,52% dos 98.166 eleitores ou votaram em branco (5,89%), ou anularam (8,80%) ou não foram votar (19,83%). Ou seja, de cada dez eleitores, três e meio não votaram em ninguém. Dos que votaram, ou seja, os chamados votos válidos (67.142 eleitores) que são os votos nominais excluindo-se os branco e os nulos, 30,99% ou 20.809 votaram em Saulo, candidato da terceira via e que menos fez campanha agressiva, 29,70% ou 19.939 no Professor Wanderley do DEM, 28,77% ou 19.318 no Luiz Fernando do PV e 10,54% ou 7.076 no Promotor Arthur. A diferença do primeiro para o terceiro é de apenas 1.491 votos, ou cerca de 2% e a do segundo para o terceiro pouco menos de um por cento ou 621 votos. Portanto, o prefeito eleito teve percentual menor que a soma dos eleitores que não foram votar ou votaram em branco ou nulo. Claro que tal fato não tira a legitimidade do processo eleitoral, mas é importante salientar que o futuro prefeito Saulo teve apenas 20.809 votos dos 98.166 possíveis. Muito menos que os mais de 28.856 votos conseguidos pelo seu antecessor ou os 26.458 conseguidos pelo principal opositor de Denig em 2008. A cidade ficou dividida eleitoralmente em praticamente três grandes grupos e ninguém foi o grande vencedor ou o grande perdedor. Os candidatos oposicionistas juntos conseguiram somar 71,23% dos votos contra os 28,77% do candidato que embora, na minha avaliação, não fosse em nada continuar a administração do dr. Denig, representava o continuísmo, posto que fazia parte do mesmo partido e do mesmo grupo político desgastado ao longo do tempo e especialmente ao longo do último mandato. A terceira via ou oposição menos raivosa quase vitoriosa em 2008 com Sérgio Mantovaninni chegou a vitória completamente inesperada com Saulo e Mário Inui, o mesmo que fora candidato a vice do Sérgio em 2008 e o primeiro vice-prefeito eleito do Beto Tricoli que era a terceira via nas eleições de 2000 contra o então prefeito Pedro Maturana e o ex-prefeito Flávio Callegari. Portanto, a vitória do Saulo neste ano representou a desejada mudança que marcou as eleições de muitas cidades neste ano e a eleição da mesma terceira via que chegou ao poder em 2000 com a vitória de Beto Tricoli, hoje deputado estadual e maior líder político da cidade. Claro que Beto chegou a prefeitura em 2000 com 28.700 ou 55,87% dos votos válidos, ou seja, com maior representatividade, mas seja como for, Saulo, com o menor grupo de candidatos a vereador entre os três mais votados e com menos expectativa de vitória o novo prefeito de Atibaia para o mandato de 2013/16. Já para eleições proporcionais (vereador) da qual participei algumas lições ficaram: 1) Disputar eleição para vereador sem uma base territorial (bairro) ou religiosa ou ainda um grande trabalho social é muito difícil se eleger vereador; 2) A grande quantidade de candidatos (388) pulverizou muito os votos e dificultou muito a conquista do eleitor; 3) Fazer eleição sem recursos é praticamente impossível, por fim, ser leal ao candidato a prefeito numa eleição tão disputada como a nossa também prejudica, mas não me arrependo um segundo de ter sido leal ao meu candidato a prefeito e mesmo esperando uma votação muito maior, passados alguns dias das eleições vejo que fui bem votado já que não tinha nem base territorial, nem religiosa, nem trabalho social prestado e nem recursos e só pude contar com meus amigos que me apoiaram.