sábado, 31 de dezembro de 2011

O certo e o errado

A tão falada experiência de vida ou maturidade, nos traz alguns presentes que por vezes só ganhamos com ela. Um deles é a percepção clara de que praticamente tudo na vida tem dois lados ou que quase tudo pode ser defensável. Nada é absolutamente certo ou errado.
Com o tempo percebemos que ter ou não razão, depende muito do ponto de vista, do ângulo pelo qual se olha, dos interesses envolvidos, da cultura e do conhecimento das partes, do tempo e do espaço de onde se trava uma discussão. Percebemos que numa boa discussão, ambos os lados têm argumentos que sustentam sua tese, e que, portanto, definir um lado como certo e outro como errado é extremamente simplista e pode ser deveras equivocado. Há sim, modos de vista diferentes, visões de mundo diversas, interesses antagônicos, etc. Poucas situações e ou questões têm um lado pacificamente certo ou errado.
Quando não se tem a tal experiência de vida, achamos que a razão e a verdade andam apenas do nosso lado e ponto. Somos, muitas vezes, donos delas e nossos interlocutores, coitados, nada sabem e não têm razão nunca.
Impressionante como o tempo nós faz enxergar até beleza nos argumentos contrários dos nossos. Impressionante como a verdade que achávamos que era apenas nossa propriedade passa a ser relativa, menos importante, indiferente por vezes.
A discussão passa a ser leve, agradável, impessoal e inteligente.
Um grande e eficaz exercício para adquirirmos esta, que considero uma virtude concedida pelo tempo, é nos colocarmos no lugar e no ponto de vista de nossos interlocutores para tentarmos enxergar suas razões e os argumentos de sua ótica, conhecimento, cultura e interesse. Quanto mais nos colocamos no lugar do outro, ou nos distanciamos do fato em discussão mais conseguimos entender os argumentos opostos aos nossos e conseguimos enxergar com límpida nitidez os fatos. Tal regra, vale para quase todas as discussões, das mais pontuais e de importância reduzida as mais amplas e importantes.
Outra situação interessante, é quando somos chamados por um amigo para tomarmos seu partido diante, por exemplo, de um impasse, demanda, briga entre ele e uma outra pessoa que temos menos contato ou carinho. Aprendi, com o tempo, que nem sempre nossos verdadeiros amigos têm razões nas suas versões sobre fatos e pessoas, ou melhor, nem sempre, somente eles têm razão, mas que, só pelo fato de serem nossos amigos, merecem nosso carinho e que a melhor postura diante desta situação é a solidariedade, mesmo sabendo que toda história tem duas versões e que a mais correta, quase sempre é uma terceira. Se conseguirmos tentar fazê-los enxergar o outro lado da história, melhor, senão, nosso apoio é o melhor a fazer. Mas se estivermos no meio de um impasse entre dois bons amigos, o melhor a fazer, é ouvir os dois e tentar a todo custo uni-los através do diálogo, caminho mais eficiente para resolução de quase tudo na vida. A verdade e a razão, não são absolutas nunca, dependem de muitos fatores, portanto, a busca por elas é muito mais importante do que seu encontro.
Respeitar e procurar entender os argumentos opostos aos nossos numa discussão não é aceitá-los, tampouco anular os nossos próprios argumentos, mas simplesmente entender que do mesmo modo que temos argumentos para defender uma tese que acreditamos, há argumentos suficientes para negá-la e contrapô-la. Isso me faz lembrar uma frase de Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.” Essa frase define o espírito de um verdadeiro democrata e sábio.
Infelizmente, muitos não alcançam este estágio ou apenas, estado de espírito, e passam pela vida defendendo algumas verdades ou sofismas, sem jamais curvarem-se a dialética e jamais tentarem compreender ou entender os argumentos diferentes. Pobres que morrem sem jamais terem enxergado além da esquina, sem jamais terem dobrados as tantas esquinas do conhecimento. Quanto mais busco conhecer, mais tenho certeza que Sócrates, não o jogador, mas o filósofo tinha razão: “ Só sei que nada sei” e quero sempre ver o mundo de suas muitas esquinas! Feliz ano novo!

domingo, 20 de novembro de 2011

As fortes chuvas e meu bairro

As fortes chuvas do feriado da república trouxeram para nós, moradores do Jardim Brasil, tristes lembranças dos ainda próximos dias 10 e 11 de janeiro. Da privilegiada janela da minha sala, defronte as ruas Amadeu Amaral e Domingos Matheus, pude ver a água que caia sem cessar do céu cinza e carregado na rua que mais parecia um rio que se avolumava a cada minuto. Alguns vizinhos, temerosos com o pior, trafegavam de carro ou debaixo de guarda-chuva com os pés submersos a todo instante.
Nosso bairro nasceu no final da década de cinqüenta por iniciativa de Jacinto Silva e seu pai Eduardo Silva que lotearam uma pequena chácara limitada de um lado pelo ramal da estrada de ferro e de outro pela novel avenida Carvalho Pinto; de outra banda pelo ribeirão Itapetinga e pela hoje rua Rui Barbosa. Contudo, somente na segunda metade da década de sessenta o bairro começou a ser povoado e meus saudosos avós Oscar e Iride e seus filhos, entre eles meu pai, estavam entre os primeiros moradores.
Na segunda metade da década de sessenta o trem deixou de ser um meio de transporte na nossa cidade e o matadouro municipal também passou a fazer parte somente da lembrança de alguns. Hoje a antiga estrada de ferro tornou-se a importante avenida Jerônimo de Camargo e o antigo matadouro o ASA. Nem mesmo o ribeirão Itapetinga faz parte do cenário do nosso bairro, visto que entre as avenidas Carvalho Pinto e Jerônimo de Camargo ele está canalizado desde 1995.
O Jardim Brasil, como a grande maioria dos bairros das décadas passadas, nasceu sem infraestrutura e com pacos moradores que chegavam timidamente no curso dos anos. Dos mais antigos restam poucos, entre eles, as segundas e terceiras gerações dos Bedores. As melhorias foram chegando e o bairro periférico da cidade tornou-se e é considerado extensão do centro com toda infraestrutura necessária, mas com um sério problema: o constante perigo de enchentes decorrente de sua geografia e topografia (é a última bacia antes do encontro do Piqueri com o Atibaia e área de várzea), hoje não seria mais loteado regularmente.
A enchente do dia 10 de janeiro que atravessou toda madrugada e manhã do dia seguinte não foi a primeira. Segundo minha família nas décadas de sessenta e setenta houve outras que não presenciei naturalmente, mas a do dia primeiro de março de 1988 e a última me fizeram de testemunha e marcaram minha vida. A de 1988 causou menores prejuízos já que certamente a precipitação foi menor, o Piqueri ainda não era canalizado e a cidade era menos impermeabilizada, já a de janeiro deste ano os prejuízos foram enormes.
Para nós, moradores do bairro, o dia 11 de janeiro não será jamais esquecido, contudo para mim com significados ainda mais fortes pois neste mesmo dia no ano de 1997 minha avó Iride, uma das primeira moradoras do bairro, fazia sua derradeira viagem e no mesmo dia 11 de janeiro deste ano, eu teria que embarcar para Itália, numa viagem profissional inadiável, tendo que deixar para trás um cenário de completa destruição e desolação.


Evidente e compreensivo que as fortes lembranças dos moradores do bairro são potencializadas a cada forte chuva e as reações são na maioria de revolta e de caça a culpados sem culpas. Lembro-me de 1988 quando meu pai, então vereador no primeiro mandato foi, por alguns, culpado pela chuva que inundou o bairro.
Hoje mudaram os personagens mas alguns culpados continuam os mesmos: o prefeito, alguns vereadores, a usina, os reservatórios de água na serra , o assoreamento do rio, a canalização do Piqueri, a falta de limpeza de bueiros e margens dos rios, etc, etc...
Na verdade não há culpados. Existem algumas situações que atenuam ou agravam as conseqüências de uma tragédia como a do dia 10 que tem nas causas naturais seu único culpado. O mundo inteiro, desenvolvido ou não, sofre os efeitos das manifestações naturais, cada vez mais freqüentes. Nosso bairro, pela geografia e topografia está, infelizmente, em área de risco aceitem ou não essa condição.
Nenhuma ação ou um conjunto de medidas afastará definitivamente o risco de novas enchentes no nosso bairro, dizer o contrário é iludir-se, enganar-se e no caso de alguns políticos pura demagogia barata e promessa eleitoreira. Estamos, como já disse, numa várzea e na última grande bacia antes do Itapetinga desemborcar no Atibaia. Situações geográficas e topográficas nada favoráveis. Contudo, nos últimos meses após as enchentes de janeiro conquistamos algumas medidas realizadas pelo Poder Público Municipal que amenizarão os problemas, mas continuamos lutando por outras medidas que amenizem ainda mais as conseqüências de fortes chuvas.
No próximo texto sobre o tema pretendo tratar detalhadamente sobre as causas de agravamento e as ações que atenuam a problemática causada pelas fortes chuvas.

Adriano Bedore

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Liberdade sempre

As declarações do deputado federal carioca, Jair Bolsolaro, tiveram grande repercussão em todas as mídias nos últimos dias e reacendem debates delicados como o preconceito de raça e orientação sexual e as medidas e projetos polêmicos sobre estes assuntos.
Particularmente eu não faço coro em absolutamente nada do que diz o ilustre deputado, muito pelo contrário, tenho opinião contrária a quase todos os posicionamentos externados pelo parlamentar, contudo, considero que a diversidade, a convivência, o respeito e especialmente a liberdade de opinião que tanto desejamos, por vezes, contraditoriamente é posta em xeque nas muitas manifestações contra o citado cidadão.
No nosso ordenamento jurídico racismo é crime, e, constatado como penso ter sido o referido crime, na fala do deputado ao responder a pergunta da cantora Preta Gil, deve o mesmo ser processado e punido no rigor da lei, dando assim exemplo aos que ainda insistem nas práticas racistas que considero prova maior da ignorância e intolerância.
Fazer relação da promiscuidade com a cor da pele ou a opção sexual de uma pessoa é acima de tudo ignorância e intolerância, além de crime no primeiro caso. Crime se pune, mas ignorância se combate basicamente com educação e informação.
Infelizmente, nosso país ainda carece de muita educação e os excessos de preconceitos de toda ordem tem relação direta com a falta de educação e cultura que inevitavelmente tem reflexo nos nossos representantes, mas que felizmente, dia a dia tem perdido terreno para informação, educação, tolerância e convivência pacífica entre as diferenças de toda ordem.
As posições ultraconversadoras do deputado encontram eco na sociedade que o elegeu como encontra eco posições ultraliberais diametralmente opostas (inevitável redundância). Nós, defensores de posições liberais, libertárias e especialmente em defesa da diversidade de toda ordem, devemos defender nossas posições na tranquilidade de quem defende a liberdade de ação e expressão sem incorrer no mesmo erro dos intolerantes e preconceituosos. Ser liberal e democrático de fato e não fazer sofismos é sobretudo conviver com opiniões conservadoras e totalmente contrárias do que as nossas.
Faz-me lembrar de Voltaire: “Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo”. Lamento muito as posições defendidas pelo nobre deputado, exceto as relativas as cotas raciais que considero a institucionalização pura do racismo (sou a favor de cotas sociais que visam diminuir as enormes desigualdades e nunca as raciais, pois admití-las é aceitarmos que somos diferentes, coisa que nunca acreditei), porém escrachá-lo por suas posições conversadoras e destoantes com a época que vivemos é legitimar todos que, não pensando como nós, e, infelizmente ainda são muitos, tentam fora do debate sério e ético diminuir nossas ideias. Num país democrático como o nosso, liberais devem conviver e aceitar àqueles que defendem com respeito e tolerância posicionamentos conservadores, afinal parte da sociedade é conservadora, infelizmente.
Sei que este meu texto, como quase todos, será muito polêmico, mas estou defendo aqui a liberdade total de expressão e ação, desde que observados os requisitos mínimos da educação e respeito com o próximo, tão elementares que dispensam comentários. A ditadura da minoria é tão ou talvez mais permissiva que a ditadura da maioria e eu sou e sempre serei um democrata convicto.
Senhor Bolsonaro, espero que suas ideias racistas, homofóbicas e preconceituosas sejam combatidas e punidas, se for o caso e acho que é, e mesmo não concordando com quase nada do diz, defenderei seu direito de dizê-las como defenderei sempre a liberdade de expressão à todos, sejam das minorias ou da maioria e aí me faz lembrar Caetano Veloso: “Ë proibido proibir”.

sábado, 12 de março de 2011

Ontem numa das prazeirosas conversas que tenho com minha amiga Selma, conheci esta linda moda de viola, do grande Zé Fortuna. Vejam que letra linda e rica...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Inundações, problema e soluções

Mais um verão chuvoso e pronto, novas inundações fazem ressurgir velhos problemas: as enchentes! Em Atibaia, pelo segundo ano consecutivo, as chuvas castigam vários bairros atingindo cerca três a cinco mil pessoas... Claro que, diferente, dos que não moram aqui e veem as notícias pela imprensa, a impressão que se tem é que Atibaia está mais uma vez debaixo d'água.
Se admitirmos que cerca de cinco mil pessoas são atingidas pelas inundações, temos cerca de 3,5% da população da cidade afetada com este problema. Pouco, mas muito para os incluídos nesta porcentagem.
Eu falo com experiência própria, pois meu bairro

em construção

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Música e poema

Embora, não seja minha 'vibe' atualmente, pois a estou desencontrando da tristeza ultimamente, vou postar a letra de uma canção feita pelos inesquecíveis Vinicius de Moraes (dispensa comentários) e Adoniram Barbosa (ou João ou Giovanni Rubinatto, rsss) o grande sambista paulista que é uma verdadeira poesia:

Bom dia, tristeza

Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando
Até meio triste
De estar tanto tempo
Longe de você

Se chegue, tristeza
Se sente comigo
Aqui, nesta mesa de bar
Beba do meu copo
Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar

A internet e a queda de um regime autoritário

A queda de Hosni Mubarak após pressão popular organizada e divulgada pela rede mundial de computadores, ou internet, traz um cenário novo sobre a importância da mais nova mídia nas manifestações populares e suas consequências.
Vivemos num mundo onde os secredos políticos, o imposto silêncio a cerca dos regimes autoritários e especialmente a falta de liberdade de expressão estão, felizmente, cada vez mais distantes da realidade.
As mídias, especialmente a rede mundial de computadores, trazem nova ordem política no mundo e a queda de um ditador como Mubarak através da mobilização popular organizada e difundida nos sites da rede mostra que as ferramentas de controle das opiniões e da liberdade são cada vez menos eficientes no mundo moderno e ligado pela internet.

Em construção

Não deixe o samba morrer

Faz tempo que não posto uma canção. Influenciado pelo Esquenta, vai aí:

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A importância da identidade quando chega the day after

Depois de tanto tempo fazendo direito de família, vendo e patrocinando tantas seperações acabamos por fazer especialização em psicologia sem contudo o direito de ostentar um diploma na área, mas permitindo incursões como esta ...
Para que serve o amor? Pergunta complexa com uma infinidade de respostas. Vamos ousar uma: Para superar as diferenças e blá, blá, blá...
O amor, entre outras funções e consequências, serve para superarmos diferenças que sem ele, jamais seriam superadas.
Existindo o amor diferenças, socias, culturais, econômicas, estéticas, comportamentais, de caráter e de outras ordens são minimizadas, quando não anuladas por inteiro.
A frase: 'os opostos se atraem' são em parte, a medida do que afirmo. A oposição entre as pessoas serve no primeiro momento como atração, pois queremos no outro o que não temos e principalmente o que não somos e no segundo é a prova que verdadeiramente o amor supera toda e qualquer barreira ou diferença, pois fisgados pela oposição ao que somos temos que, através do amor, superar o que no primeiro momento tem seu encanto, mas que com o passar do tempo, sem o amor é um grande problema e que as vezes, mesmo com ele não se supera.
Se somos extremamente extroverdido e relacionamos com uma pessoa inversa, ou seja, introspectiva, ou se somos inteligente e outra pessoa, nem tanto, ou ainda, quando se é rico ou de uma posição social ou cultural muito inferior ou superior ao da pessoa com quem estamos, havendo amor, tudo é superado e só ele faz dois mundos tão opostos se unirem.
Sem dúvida a maior prova de amor está na superação sem grandes esforços das diferenças de toda ordem entre duas pessoas diferentes.
Todavia, o dia seguinte ao fim do amor (the day after do título, rsss) quase sempre separa para sempre os que um dia se amaram, pois o amor era a única argamassa que unia pessoas tão diferentes. O dia seguinte, ou a relação pós amor, entre iguais mantém, na maioria das vezes, para sempre uma relação mesmo que modificada entre os ex-amantes, coisa, na maioria das vezes, impossível para os diferentes.
Findo o amor que ligava apaixonadamente os opostos, o distanciamento, por vezes total, é muito natural pois sem o amor nada unirá de novo quem jamais se uniria não fosse através dele.
Cansei de ver pessoas parecidas terminarem seu relacionamente, independentemente do tempo da relação, numa boa, sem mágoas, rancores ou qualquer sentimento negativo, como cansei de ver o iverso, ou seja, pessoas diferentes, ao se depararem com o fim do amor, passam a ser o que seriam não fosse o amor: estranhos....
O amor consegue de fato superar todas as barreiras imagináveis na união de um casal, mas na sua ausência, nada resta daquilo que se viveu, nada, pois nunca existiu identidade ou afinidades entre o casal ou se existia, as diferenças eram maiores que qualquer identidade ou afinidade.
Enquanto o relacionamente é movido e levado pelo inexplicado sentimento do amor um rico vive bem com uma pobre moça, um desprovido de inteligência com uma inteligente, uma culta com um néscio, um extrovertido com uma introverdida, um amante da noite com uma pessoa de hábitos recatados e ou caseira vive bem com seu oposto, mas acabado o amor, quase sempre nem a amizade resta pois nada os unirá novamente, já que não existia afinidades e identidades.
Conclusão: Evidente, que nunca teremos conclusões quando tratamos de sentimentos tão complexos como o amor, por isso não apresentaremos conclusão alguma, contudo, a lição, ou uma delas é: curta no máximo sua relação com a pessoa oposta que você ama, pois findo o amor, que nunca é eterno e já sabemos, quase sempre nada restará e a pessoa que dormia contigo será uma completa estranha para você e por vezes tu irá perguntar: - como fiquei tanto tempo com ela? E a resposta será uma só: Por amor e nada mais.
Só quando o amor se vai percebemos que ele é essencial numa relação, mas sozinho, não é suficiente para mantê-la ou para manter unidas por outros laços as pessoas que se amaram um dia. Como diz um amigo meu, é isso..


Depois de terminar meu texto descobri esse super engraçado da Fernanda Young e resolvi postar junto ao meu:

Carta-desabafo-padrão

Envio esta carta porque nunca mais quero você na minha frente. E dessa vez falo sério.

Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual já estou imune.

A verdade é que me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame.

Fico pensando como chegamos a esse ponto. Como nos permitimos deixar nosso amor acabar nesse estado, vendido e desconfiado. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência. Não quero mais rastros de você no meu banheiro.

Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois – essa é a minha parte no negócio? Sinceramente, abro mão.

Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Mas antes faço questão de te dizer três coisas.

Primeira: você não é tão interessante quanto pensa. Não mesmo. Tive bem mais decepções do que surpresas durante o tempo em que estivemos juntos.

Segunda: não vou sentir falta do teu corpo. Já tive melhores, posso ter novamente, provavelmente terei. Possivelmente ainda esta semana.

Terceira: fiquei com um certo nojo de você. Não sei por quê, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a pensar em você por uns dias.

Bom, era isso. Espero que esta carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não espero nenhum efeito desta carta, em você, porque, aí, veria-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse, e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você.

Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se expurga um câncer sem matar células inocentes.

Adeus, graças a Deus.

- Fernanda Young

Reforma Política

Já perdi a conta de quantas vezes li sobre a elaboração, discussão e aprovação de uma reforma política no nosso País. Cansei, ou melhor, perdi as esperanças de ver aprovado a tão necessária reforma a curto prazo. Hoje li que o novo velho presidente do Senado Federal, José Sarney, cacifará uma reforma ainda este ano. Será?
Como eu queria acreditar e ver essa reforma sendo discutida e aprovado pelo congresso.
Como consciente da importância dessa reforma para o futuro de nosso País espero ansiosamente por ela e meu maior engajamento político dependerá muito dela.


Elaborando...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O tempo mudou

Uma das coisa que, mais uma vez, me chamou atenção nas minhas andanças pela Europa é o considerável aumento da longevidade. Na Itália na última década quadriplicou o número de pessoas que atigiram os cem anos. O mesmo País fica cada vez mais velho, posto que o índice de natalidade é baixíssimo e o da longevidade cada vez maior. Na Espanha a discussão era o aumento da contribuição social para, se eu não me engano, 67 para aposentadoria e ou 37,5 de contribuição, tudo resultado do aumento de vida e a diminuição das pessoas em idade de produção.
O aumento da longevidade e a diminuição das taxas de natalidade, não é só um fenômeno europeu sendo também percebida noutros Países desenvolvidos e em desenvolvimento como o nosso.
Não estamos vivendo mais somente porque demoramos mais para morrer. Estamos vivendo mais porque estamos amadurecendo antes também.
No meu retorno ao Brasil, viajei ao lado de uma menina de dez anos totalmente madura para idade. Hoje as crianças tornam-se adolescentes mais cedo e, portanto, permanecem na fase jovem mais tempo.
De outra banda as pessoas estão demorando muito mais para envelhecer. Estamos chegando aos trinta com cara e cabeça de vinte; chegamos aos quarenta com cara e cabeça de trinta e assim sucessivamente. Recentemente conheci uma mulher com 61 anos que, juro, não dava mais que quarenta.
Além de viver mais, estamos vivendo melhor a fase jovem e adulta, bem como, a melhor idade ou velhice. Estamos adiando não só a morte mas estamos antecipando a adolescência e juventude e adiando também a chegada da conhecida meia idade, tanto nos hábitos quanto na aparência.
Hoje as avós e avôs não têm mais a cara dos avós de cinquenta anos atrás. Já é possível encontrarmos avós nos sites de relacionamentos de seus netos e quando muito frequentando a mesma balada, barzinho, cinema, etc....
Não raro encontramos pessoas com quarenta, cinquenta interagindo sem nenhuma barreira com pessoas de vinte e trinta.
Lembro que se dizia: Passados os 18 anos tudo se igualava até as pessoas de aproximadamente trinta, mas hoje essa faixa limite aumentou-se consideravelmente e eu diria que chegando aos 18 tudo se iguala até os cinquenta, rssssss
Temos uma nova realidade, novos conceitos, novas figuras de pais, avós, bisavós.
Muito terá que ser repensado e refeito a fim de que possamos entender os novos tempos, especialmente as novas idades.
Acredito que o tempo 'útil' para o trabalho deverá sofrer urgentemente uma mudança atrasando-se o ingresso, dando mais tempo para o estudo e o preparo das pessoas e esticando-se a idade para a permanência no mercado de trabalho, posto que cada vez vivemos mais e temos menos filhos.
Portanto, na minha ótica, polêmica como sempre, é preciso entrar mais tarde no mercado de trabalho aumentando-se o tempo de estudo, hoje tão insuficiente e precário e esticando-se a idade para se aposentar, afinal, não raro encontramos pessoas com mais de oitenta totalmente capazes e felizes mantendo-se útil.
Exemplos: O atual papa foi eleito com oitenta anos e em plena atividade eclesiástica e ao que tudo indica terá muitos anos a frente da igreja que comanda. O presidente do Senado da república tem mais de 80 anos e acaba de ser reeleito pela quarta vez presidente daquela casa de leis. Fico nos dois exemplos para mostrar que a idade útil para o trabalho deve ser revista, afinal não queremos nossos velhos, nem nossa velhice entregue aos jogos das praças públicas e ou dos grupos de terceira idade, cada vez maiores por todo mundo. Os novos avós viajam, namoram, bebem cerveja nos bares e daí por diante.
Estar atentos para as mudanças e prepararmos o mundo que vivemos para elas nos trará menos problemas e dissabores. O tempo mudou, mudemos....

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Viagem




Nunca foi tão difícil viajar. Minha rua parecia cenário de guerra, todos fora de suas casas invadidas por, em média, dois metros de água; muita lama na rua e uma montanha de móveis destruídos crescia minuto a minuto na frente das casas. O rosto das pessoas, na maioria, amigos de muito tempo refletia a dor de ter perdido tudo... Foi neste cenário que eu deixava Atibaia com destino a Itália. O dia e a madrugada sem dormir fez com que eu durmisse no voo, o que raramente acontencia.
Descer em solo Europeu é sempre uma viagem no tempo. Roma era meu primeiro destino, e das grandes cidades que conheço é uma das preferidas, senão a mais. Viajar sozinho nos força a contemplar muito mais tudo que vemos, ouvimos, cheiramos e assim comecei mais uma viagem a Itália e Espanha. Da cidade eterna rumei pela primeira vez a origem da família de minha mãe e assim numa noite fria cheguei na estação de trem de Vinchiaturo. Era passado das dez da noite, desci sozinho na estação que sem nenhuma alma viva, parecia abandonada. Cadê a cidade? - permuntei. Uma única estrada estreita rodeada uma mata era meu inevitável destino e assim, empurrando minha velha mala subi aquela estrada vazia. Depois de uma boa caminhada num frio até então desconhecido avistei algumas casas que indicavam estar chegando na cidade. Ao pedir ajuda para chegar no hotel resarvado, depois de algumas tentativas, consegui ajuda e meia hora depois de ter chegado na cidade, já estava tomando cerveja no único bar aberto na companhia de novos amigos.... Assim foi minha chegada a terra dos antepassados do pai do meu avô Roberto, Antônio De Carlo, que conheci e vi morrer numa tarde que marcou minha vida.
Mudei o hotel para ficar no perímetro urbano da cidade e fui dormir ansioso pela manhã seguinte.
Minha primeria manhã em Vinchiaturo foi marcada pela alegria de estar num lugar que durante muitos anos eu tentei identificar sem sucesso e a tristeza de lembrar da madrugada, manhã e as primeras horas da tarde do dia da viagem, marcadas pelo terror vivido com a enchente que arrasou minha casa e meu bairro. Depois de horas passeando pelas ruas que me ligavam ao passado da minha família, chorei ao ligar para casa e saber das notícias sobre minha terra querida. A tarde, na companhia e com a ajuda de novos amigos, fui visitar o cemitério das três cidades ligadas as família De Carlo e Terranova, a fim de encontrar lápides com o nome de parentes, já que pelas ruas eu já sabia que não encontraria. Encontrei, tanto De Carlo's como Terranova's e me senti mais em casa, pois parte da minha família, mesmo no descanso eterno dos cemitérios, estava ali.
Minha viagem seguiu para Milão, meu principal destino. Não curto muito as grandes cidades, exceto Roma, São Paulo e agora Barcelona, mas Milão também tem seu encanto e lá estava eu novamente. Após alguns dias e cumpridos compromissos que motivaram minha viagem segui, de avião, para uma cidade, que há tempos queria conhecer: Barcelona. Me apaixonei desde os primeiros momentos. Cidade linda, acho que é a primeira cidade portuária que me apaixono. A localização do hotel foi um presente já que ficava numa das mais charmosas avenidas da cidade: La Rampla, linda, simplesmente linda. Mesmo sozinho e sem entender o catalão, que língua difícil, foi um passeio inesquecível e Barcelona me verá de novo, com certeza. Assim deixei a capital da Catalunha com destino a Leon, ou Leão, capital do antigo reino de Leão. Minha solidão acabava aqui pois eis que na rodoviária de Leon avisto minha querida amiga Selminha, pondo fim aos diálogos comigo mesmo que tanta rizada deve ter causado por onde passei. O carinho da Selma e seu, como ela diz: "namorido" Roberto, marcou minha viagem. Me senti tão bem na casa deles que mais um dia, já estaria circulando de cueca pela casa, minha marca, rsssssssssss Leão foi uma das grandes surpresas da viagem. Cidade linda, cheia de história e com uma das igrejas mais lindas que já entrei. Tive uma sensação muito especial ao entrar na catedral de Leão. O canto gregoriano que tanto mexe comigo, somado aos vitrais mais bonitos que já vi e ao altar-mor belíssimo me hipnotizaram e não fosse a noite que já avançava eu teria ficado muito mais tempo lá dentro. Prometi voltar nos próximos dias, mas infelizmente não consegui e terei que voltar a Leon para cumprir minha promessa. Saindo da catedral em direção a casa da Selma rolou algo que também marcará a viagem: me perdi, rsss Foram quase duas horas procurando a casa e me recusando a ligar para pedir ajuda e graças ao meu orgulho bobo, passei muito frio e andei muito, rssssssss No fim, fui resgatado pelo Roberto e virei piada! Faz parte, perder-se numa viagem, faz parte do roteiro....
Depois veio o aniversário da Selma, no qual fui responsável pelas caipirinhas. Sucesso total, festa super divertida e quem diria, anos depois, eu comemorava outro aniversário da Selma, na Espanha, fazendo caipirinha para um monte de Espanhóis, rssss
Depois veio Salamanca, que como Leon é linda e riquíssima de história e lugares lindos. Também me surpreendi positivamente com mais uma cidade espanhola. Ao retornar para Leon chegava a hora da despedida e de voltar a viajar sozinho... Como tudo que é bom acaba, cumpria-se a sina, o aeroporto de Madrid era meu novo destino e de lá, novamente, Milão. Meio contrariado, volto para Milão e não fosse as novas amizades feitas dentro do burger king o tempo passaria mais devagar. Após alguns dias de novo o aeroporto era meu destinho e assim chego em Madrid.
Rertornei a capital espanhola, depois de quase dez anos (maio de 2001) eu voltava para terra del Rei. Novamente a localização do hotel foi um grande presente e passear, mesmo que um dia e meio em Madrid foi muito agradável.
Chegava ao fim da viagem e desta vez ir ao aeroporto significava voltar para casa, pelo menos para a ainda casa. O voo foi marcado pela presença do grupo de brasileiro judeus que sentaram ao meu lado e pela Alice, minha amiga de dez anos que, viajando sozinha e de uma precocidade assustadora, falou mais da metade da viagem e fez cumprir a tradição de eu durmir muito pouco no voo... Com o reencontro com meu pai que foi me buscar no confuso aeroporto e me contou todas as novidades durante a viagem até Atibaia e o reencontro com o calor acabacava mais uma viagem para Europa.

sábado, 15 de janeiro de 2011

11 de janeiro





A chuva forte nao dava trega... o dia acabava e chegava dia 11 de janeiro que ate entao foi marcado pela morte de minha querida avo Iride, ou vo Ilda, e pela viagem que faria!
Primeira hora da madrugada e logo apos eu ter dormido acordo com os gritos do meu tio. Dia 11 de janeiro entraria para historia da da minha vida e para vida de muitas familias de Atibaia.
Ao me levantar e abrir a porta da sala eis que a rua dava lugar ao rio que se formava na minha porta... Cena triste e assustadora diante da velocidade com que a agua subia. Em casa so eu, minha mae e o Du, pois os outros estavam na praia... Em cinco minutos a agua ja invadia tudo e o desespero tomava conta de minha mae...
Como era inicio da madrugada os vizinhos ainda dormiam e nao sabiam do que estava acontecendo, o que me fez gritar para acorda-los e impedir uma tragedia maior. Nos tentavamos salvar o que podiamos, mas a forca e rapidez com que a agua subia nos vencia. Minha mae em prantos se recusava sair da casa ja com quase um metro de agua e nos desperados clamavamos por ajuda para tira-la! Foi tudo muito rapido e quando dei por mim, tudo estava perdido e a agua na altura do meio peito subia rapidamente, e era preciso sair tambem...
A madrugada fria e chuvosa ganhava ares tragicos horas atras inimaginaveis.
Em 1987 uma enchete chegava a porta de casa, mas desta vez a agua invadira tudo e chegava a assustadora marca de cerca de 1,80 dentro da minha casa.
Meu pai avisado por mim chega no fim da madrugada com minha irma e nao acredita no que ve! O cenario e desolador e a tristeza no rosto de meus vizinhos e parentes machuca fundo.
Assim foi meu ultimo dia em Atibaia... Triste deixar tudo destruido para tras e ter que partir vendo a desolaçao no rosto de todos.
Aqui estou no forte inverno Italiano, lembrando do dia que marcara para sempre minha memoria: 11 de janeiro de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Início e fim, vida e morte; Extradição de Cesare Battisti e Enchentes

Era o segundo dia do ano e do quiosque enfrente ao nosso apartamento uma triste cena fez-me pensar a vida: a morte. Um corpo trazido pelas ondas deu um tom reflexivo ao início deste ano, lembrando a fragilidade da vida e a importância de viver todos os momentos com a máxima intensidade. Embora a cena tenha sido chocante e triste, especialmente por sabermos que a família daquele homem sem vida na areia teria um início de ano muito difícil, as expectativas do dia anterior fora completada pela cena que, mesmo móbida, trazia certos conceitos que indicavam que tudo início tem um fim, como o ano que acabava de começar.

No último dia útil do mandato do presidente Lula a decisão que negava a extradição de Cesare Battisti, embora esperada, traria e trará um grande mal estar entre o Brasil e a Itália. Decisão, na minha ótica, equivocada e complexa que já dividira o divido STF talvez seja levada a corte internacional de Haia, coroando a questionada política externa do governo do PT. Aguardamos os próximos capítulos e o desfexo desta novela que não chegou ao fim com a decisão do ex-presidente...

As chuvas intensas que caem em Atibaia desde o primeiro dia do ano resultou nas enchentes que afligem tantas famílias e levam o nome de nossa cidade aos noticiários nacionais, há exatos um ano, do mesmo problema. Parece-me que não se trata exclusivamente de um problema natural sem solução.... Algo deverá ser feito a fim de que os bairros que irresponsávelmente existem não se alaguem em todos períodos de chuva. O poder público de várias instâncias e áreas e as organizaçõs não governamentais ambientais deverão sentar à mesma mesa e tentar encontrar soluções que ao menos amenizem esse problema que como eu disse, não me parece ser apenas uma catastofre ambiental sem controle. Os alagamentos das áreas mais baixas e próximas ao rio Atibaia que antes aconteciam, em média, uma vez a cada década agora por dois janeiros consecutivos (2010 e 2011) trazem sérios prejuízos a centenas de moradores que nem se recuperaram de uma enchente já enfrentam a segunda. Evidente que loteamentos que jamais poderiam ser aprovados e o excesso de chuvas são as duas maiores causas desse sério problema, contudo, estudos e ações devem ser implementados a fim de que soluções sejam encontradas urgentemente e tragam alívio para as famílias afetadas.

Nos dois últimos assuntos abordados pretendo voltar a abordá-los com mais profundidade em breve... Agora vou dormir. Até!

Homenagem ao grande Chico Anysio