quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Acordar

Acordei lembrando a poesia de Ferreira Gular - Traduzir-se - e fez-me divagar...
Acordei pensando na feia e bela e eterna e estranha contraditoriedade do meu ser...
Acordei admirando-me por ser indecifrável e ao mesmo tempo previsível, as vezes.
Acordei pensando na beleza das contradições que me acompanham, na alegria de contestar mesmo não querendo, de dizer sim negando;
Acordei pensando na paixão pela discussão mais pura, pelo debate mais intenso sem a mínima intensão de querer estar certo, aliás querendo não estar quase sempre;
Acordei pensando na inquietude do meu coração já aberto por um cirurgião atrevido.
Acordei imaginando o mundo cinza dos iguais, da eterna concordância dos néscios, da calmaria do lago em contraponto ao revolto mar...
Acordei querendo menos respostas e muito, mais muito mais perguntas...
Acordei querendo mais amor, menos dor, disabor, medos, receios, mais desafios, querendo o desconhecido que sinto chegar cada vez mais perto.
No fim acordei feliz por ser tão contraditório, tão complexo e ao mesmo tempo tão único, coeso, com partes tão diferentes formando um todo igual. Acordei e por ora basta acordar; o resto nada importa diante da vida que começa com despertar de mais um belo dia de novembro cheio de expectiva, de vida, de contradições...

Adriano Bedore

Traduzir-se



Sobre Ferreira Gular:



Poema Sujo:

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