segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Amigos ausentes



Lutando contra a insonia, velha amante, lembrei-me com carinho dos amigos que já se foram... Difícil lembrar de todos, mas alguns jamais esquecemos, jamais. Nunca esquecerei daquele sábado de carnaval de 1991. Dormimos todos juntos na casa dos Charbeis. Minutos depois do Alexandre "Tatu" ir para sua casa, naquela manhâ de domingo de carnaval eis que a morte não o permitiu chegar e agarrando-o numa curva que nunca mais foi a mesma para nós. Acho que foi o primeiro amigo próximo que perdi. Depois, nao necessariamente na ordem da partida, foram Seu Mauro, grande conselheiro, Arthur Del Ry e Claudo Boscolo, irmãos de loja e grandes companheiros. Jacob Bickirman que deixou uma grande lacuna... mudando antes e depois de sua passagem minhas quintas-feiras e minha vida para sempre. O Rodrigo com seu pai terminaram sua passagem na rodovia D.Pedro I, colega de sorriso permanente e vida curta pré anunciada. Anselmo viveu tao intensamente e morreu tão imbecilmente que ainda hoje tenho a impressão de encontrá-lo numa balada tomando seu whisky e sonhando acordado o sonho que o levou. Marcos Baria, meu primeiro e único sócio, deixou muita saudade, serei-lhe eternamente grato. Denise Silva Pinto e seu querido Noite Ilustrada, grande sambista, também já nos deixaram. Tantos passam por nossas vidas e viajam sem volta fora do combinado, como diz Rolando Boldrin e nos deixam saudades... A Glenda, a menina que mais tempo namorei também se foi. Quantos outros menos amigos e colegas já se foram, alguns descubro nas minhas andancas pelas ruas do cemiterio municipal, outros nem sabemos o destino tomado, se vivos ou mortos. Muitos avós, parentes e pais de amigos também já se foram, com destaque ao dr Nelson Galvão de França e ao seu Epitácio, entre tantos outros parentes de amigos que acabaram sendo também nossos amigos. Outros, embora vivos, por questões diversas, morreram para nós... Nossa ai, as vezes, a dor da saudade parece ser maior. Pessoas que foram muito próximas, íntimas, e hoje nem mesmo um túmulo para chorar sua ausência temos, como se fosse preciso um para chorar a ausencia daqueles amigos ausentes que a vida nos separou momentaneamente, asssim espero. Esses que ainda vivos morreram para nós, nos trazem uma dor diferente, decorrente de uma ausência as vezes incompreendida não querida, e o que é pior, possível de ser corrigida, mas que quase sempre nunca é, como se enterrassemos alguém muito antes de seu fim na terra. Enterro sem vela, sem cortejo e sem lamentos.... Como querer separar-se em vida de quem um dia amamos tanto, e as vezes ainda amamos.... Como somos idiotas e como é incompreendida tantas ausências em nossas vidas. Saudade de tanta gente que se foi para nao mais voltar e outras que ainda espero reencontrar nesta vida. Saudades, quantas saudades dos amigos ausentes, mas eternamente presentes em nós.

Texto inacabado e elaborado com teclado desfigurado

Adriano Bedore

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Atibaiano na paulita e cidadão do mundo na minha matriz

Amo minha cidade.... nossa como é forte a relação que tenho com ela. Orgulhe-me de ter chorado pela primeira vez na Santa Casa; de ter dado os primeiros passos na minha casa, nas de minhas avós e na praça do mercado. Orgulho de ter feito os ensinos básico, fundamental e médio nas escolas por onde passei. Orgulhor pertencer, pelo lado de minha mãe, das famílias mas antigas e tradicionais da cidade. Amo andar por suas ruas, passear por suas praças, conversar com nossa gente. Amo viajar, mas voltar para minha terra natal, me faz mais forte, perto das minhas raízes... São tantas lembranças que trago de minha Atibaia, tantas.... quem sabe um dia, as escreverei. Morei quase dois anos na antiga São Paulo de Piratininga, hoje apenas São Paulo, a cidade de todos. Na época não tinha nenhum amor por aquela cidade. Hoje já vejo com outros olhos. Aprendi a amá-la e desejá-la. As horas que há pouco tempo passei em São Paulo fez-me sentir gigante no meio da cidade grande. A aproximação de minha grande paixão com a cidade mais importante da Amércia Latina, me faz feliz. Posso curtir as duas paragens com olhos diferentes mas com os mesmos pés. Passar a semana no planalto de Piratininga e os finais na minha linda serra do Itapetinga, ou vice-versa, será um objetivo a ser buscado. Sei que estou no final de um ciclo. Ainda não sei ao certo como será o novo, mas sei que Atibaia e São Paulo farão parte do próximo. Minhas raízes bem sólidas em Atibaia jamais se romperam... como jamais existirá o grande muro para mim intransponível em torno da minha amada terra. Quero ser o atibaiano orgulho andando na balada avenida paulista como o paulista, cidadão do mundo sentado na minha queria praça da matriz, coração da minha terra e origem simbólica de toda minha ascendência materna.

Chove lá fora, chora-se aqui dentro

Um vento forte sobrova na minha janela, prenúncio que lágrimas estavam por vir. De repente trovões rompem o silêncio do inicío da noite e ouço as lágrimas do céu baterem na eira da janela.
Chegava a chuva, milhões de gotas d'água vindas de longe modificando-se assim que toca em qualquer superfície. Algumas nos telhados das casas, outras diretas no grande tapete asfáltico, outras nos jardins, outras nos corpos dos menos avisados e supreendidos por ela...
Poucas coisas combinam mais com chuva que dormir, um bom vinho, um bom filme e uma boa companhia.
Claro que a companhia desejada combina com qualquer tempo, mas com a chuva, ah, com ela, o tempo passa lento, o beijo mais demorado e a libido mais aguçada.
Na ausência de uma companhia desejada, a chuva é cruel. Cada gota caída é sentida como um féu. Cada lágrima caída do céu faz peso nos olhos que logo por solidaridade também caem, mas estas do rosto de quem esperava a chuva, talvez para junto com ela chorar.... A chuva de fora limpa e refresca o tempo, a de dentro traz lembranças e aperta o peito.
Nom fim ambas lágrimas, trazem benefícios aos tocados por ela... afinal o choro do céu e o da solidão servem para prepar a terra e no coração para novos frutos e noos amores.
Chove chuva, chove sem parar, regue a terra e nosso coração fazendo brotar novas flores e novos amores.



Adriano Bedore

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eu, parte de tudo

Debaixo de uma frontosa árvore vistosa
sob o ardente sol da minha serra
deitei-me cansado... suado.

Era meio da tarde, hora que o sol atrevido
e forte invade o quieto coração
deixando-0 ardente e cedente .

Era meio da mata onde o barulho
da cascata soava como uma canção
latente que invade a mente da gente.

Debaixo de mim, aquele solo vivo
respirando, pulsando aquecendo ainda
mais meu inerte e desprotegido corpo.

Por alguns instantes, mágicos instantes,
não pude separar-me daquele lúdico
e simples cenário.

Mesmo que eu não quisesse era parte da mata,
da terra, daquela árvore, da serra, do som d'água.
Eu era tudo aquilo e tudo aquilo era eu...

Me leve com você

Acordei todo saudosista hoje
mas com saudades do que ainda não vivi
Saudades do que há por vir
Nos passos da espera de um novo porvir.

Adormeci com saudades
Sonhei com necessidade
Necessidade de deixar de sonhar
Acordei, deixei o sol entrar.

Invadiu todo meu quarto
Iluminou meus sonhos
Deixou-me tristonho
Definitivamente acordei

Levantei, me olhei
Fechei rapidamente os olhos
E ai pude enxergar o amanhã
Na minha porta. Deixei-o entrar.

Bem-vindo esperava você
Precisava de você
Me acorde todos os dias
E me leve com você, estou pronto.

Adriano Bedore

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Declaração de voto 2010

Por que José Serra, 45? Serra é bastante antipático. Sempre tive uma forte queda aos políticos antipáticos, afinal para que vale a simpatia para ocupação de qualquer cargo público eletivo? Serra é ótimo gestor e provou isto pelos cargos que passou: deputado federal, senador, secretário de estado, prefeito e governador do nosso Estado e ministro de duas pastas (planejamento e saúde do governo FHC). Permitam-me um pouco de bairrismo, Serra é paulista, neto de imigrantes italianos como eu. Serra é mal humurado mas desentralizador, sabe montar ótimas equipes de trabalho (grande qualidade) e criar bons projetos públicos que não vejo necessidade de citar, mas os vários da área de saúde são bastante conhecidos de todos nós. Por que não Dilma? Sua biografia é sim bonita; uma mulher guerreira de valores notáveis e preparada para exercer cargos públicos com eficiência como me parece provado. Contudo, para o Brasil, neste momento a presença de Serra no comando do País rompendo o aparelhamento do Estado pelo PT é indiscutivelmente mais positivo. O governo Lula tem sem dúvida ótimos indíces. O Brasil melhorou sim, negar isso é negar o óbvio, mas esse crescimento não se deve apenas pela gestão, em parte eficiente, do atual governo. Os avanços são frutos da estabilidade política, econômica e eu diria até estrutural de governos anteriores. Não podemos esquecer a abertura comercial iniciada por Collor, a gestão discreta mas eficiente de Itamar e estabilização da moeda e as reformas estruturais implantadas no governo FHC. Inúmeros projetos sociais tão citados e aplaudidos hoje foram criados pelo governo FHC. A política econômica tem cerca de dezoito anos e não oito como se quer parecer. Querer ser o refundador da nova república e o único responsável pelos avanços conquistados é populismo do mais evidente e perigoso. Querer ser o baluarte da moralidade e da competência chega a enojar quem pensa. Não me interessa se Dilma, foi guerrilheira. Eu jamais pegaria em armas para defender meus princípios ideológicos, aliás para coisa alguma, mas não critico quem as pegou por um ideal, respeito até. Apenas é questão de comparação entre os dois principais candidatos: Serra e Dilma. Serra é melhor preparado para dirigir os destinos do País neste momento. Marina tem uma linda biografia e um ótimo carater, mas é candidata de uma nota só e defende ideias ultrapassadas, conservadoras na contramão da história, mas ainda assim seria minha segunda opção porque sua atuação na defesa do meio ambiente como ambientalista e ministra supera seus posicionamentos conservadores sobre assuntos importantes.
Por que Geraldo Alckmin, 45? Entre os que disputam o governo do nosso Estado Geraldo é disparado o mais preparado. Já fui bem mais simpático a seu estilo político, mas ainda que eu enxergue falhas administrativas não percebidas antes, seus adversários estão muito aquem do mesmo e sequer citá-los vale a pena na minha ótima, respeitando, evidentemente suas biografias. Espero que faça mais do que fez nos seis anos que já governou São Paulo e acredito que fará... aprendeu muito.
Por que Aloysio Nunes senador, 451. Bem, outro político bastante experiente, nos moldes de Serra e Geraldo e me foi recomendado por um grande amigo, Gilberto Sant'anna, que seu aval já bastaria para ter meu voto. Lamento a desistência de Quércia, o qual teria meu outro voto e seria novamente um grande senador por São Paulo, mas diante disso, acho que vou de Moacyr Franco, 177 apenas para não votar em branco nunca.... seria uma homenagem a sua obra apenas, afinal votar em Marta, Netinho e outros não dá por questões óbvias que dispensam comentário. A disputa ao senado paulista beira a piada de mal gosto....
Para Deputado Federal votarei em Eduardo Coelho, 1515, ótimo carater, excelente biografia, grande educador, entre outros cargos, ex-reitor da PUC de Campinas, etc, etc.... Novo amigo que não tenho dúvidas defenderá nosso Estado e lutará pela melhora da educação no País, sua maior e mais importante bandeira.
Para Deputado Estadual votarei em Beto Tricoli, 43156. Bem aqui vale uma explicação mais detalhada. Beto foi nosso adversário nas últimas eleições em Atibaia (2000, 04 e 2008). Pra mim adversário, nunca inimigo. Lutei muito para que amigos e eleitores tentassem votar em candidatos ligados com nossa cidade e ou região sempre que possível e com reais condições de representatividade. Beto representa o que sempre defendi. É de Atibaia, foi vereador (93/96), prefeito (2001/08). É preparado, conhece nossa cidade e região, e é, o maior líder político de Atibaia nesta primeira década aceitem ou não. Nos moldes de Serra, meu pai, Covas e tantos outros políticos, não é exemplo de simpatia, mas como já disse, para que serve a simpatia? Político tem que ter: espírito público, dinamismo, visão de futuro, vontade de mudar e servir sua gente. Beto tem muitos defeitos políticos, não é por nada que conquistou tantos inimigos, se tivesse outro estilo, poderia ter sido e ainda poderá vir a ser um líder ainda maior. Mas, acho que diante dos últimos acontecimentos tem mudado, aprendido com os erros, afinal é inteligente. Só os inteligentes admitem e mudam com seus erros. Não temos que votar num candidato só porque nasceu, morou ou mora em Atibaia apenas, mas que tendo nascido, morado ou com fortes ligações com nossa cidade e ou região tenha condição de lutar por elas na Assembleia Legislativa, casa de líderes experientes, onde coadjuvantes não somam nada, aliás tivemos recentemente prova do que falo. Beto é importante para Atibaia e outras cidades como Edmir é importante para Bragança e outras cidades. Fosse eu bragantino, Edmir seria meu deputado com certeza, aliás é um ótimo parlamentar e um líder na Assembleia como Beto podera ser. Sou inteiramente a favor de uma reforma política que entre outras coisas crie o voto distrital, bem como da tão importante e comentada moralização da política brasileira... Quem não quer extirpar da vida pública os que estão nela só por interesse pessoal? Acontece que a Lei de Ficha Limpa, de iniciativa popular, tal qual foi aprovada e sancionada pelo congresso e pelo presidente Lula é demagógica, eleitoral e inconstitucional. Vivemos um momento jurídico eleitoral muito delicado. Administradores públicos que passaram por cargos executivos em todos os níveis nos últimos anos respondem a processos de toda ordem onde o dolo, requisito fundamental para se condenar alguém por improbidade administrativa ou eleitoral, são totalmente ignorados pelos membros do Ministério Público, juízes de primeira instância e pelos tribunais.... Estão na mesma vala comum políticos ousados e com erros sem dolo com políticos corruptos que enriqueceram ilicitamente as custas dos cofres públicos. Teremos sérios problemas nos próximos anos se as leis não atentarem para entre outras coisas: a dosemetria da pena; a necessidade de dolo nos desvios de conduta, entre outros pontos importantes, pois os bons se afastarão da vida pública e os mal intencionados sempre estarão orbitando próximo ao poder. Beto cometeu muitos erros no seu governo, mas a grande maioria dos processos que responde, como este que resultou na sua momentânea impugnação, não teve dolo algum, muito pelo contrário. Teve espírito público na condução do processo licitatório do serviço público de transportes. Não sou do PV, mas sou apaixonado por minha cidade. Amo-a e tenho absoluta certeza que um representante preparado com assento na assembleia legislativa poderá ajudar muito o seu progresso e por isso voto Beto Tricoli. Apenas para reflexão e fechamento da minha declaração de voto: As cidades dependem, infelizmente, muito de verbas do Estado para investimento em áreas como saúde, seguraça e habitação, por exemplo. Vejam a diferença entre a Santa Casa de Bragança, da rede de segurança entre Bragança e Atibaia e do número de casas populares entre as duas cidades.... Nós temos acho que 4 delegados, eles, acho que quase 20. Nossa Santa Casa com muito custo e luta é o que é, a deles um hospital de primeira linha. Temos cerca de 500 casas populares e eles, mais de três mil, acho. Limito-me a esses três exemplos para justificar a importância de uma cidade como a nossa ter um deputado atuante, vibrante em nossa defesa. Dentro deste diapasão quem, por qualquer razão não queira votar no Beto, recomendo voto em Pedro Horta, amigo ligado a nossa cidade e preparado para ser deputado, ou fora dos meus argumentos de ligação com nossa região, também tem meu amigo Jorge Caruso, sem ligações com Atibaia, mas ótimo parlamentar paulista. Concluindo, apesar das diferenças políticas entre mim e o Beto é nele que votarei e recomendo meu voto para deputado estadual. Beto estamos juntos porque amamos nossa querida Atibaia e região. Força, conte comigo e vamos pra vitória.

domingo, 12 de setembro de 2010

Do sexo ao repouso eterno

Nem eram oito da manhã.... voltando de um lugar bem diferente parei na porta do cemitério. Programa estranho, dirão muitos. Os que já me conhecem já se acostumaram.
Olhei a lista dos pranteados extintos... ninguém conhecido, nenhum parente distante ou conhecido. Presença dispensada durante o féretro mais a tarde. Bom, tarde livre para o combinado e esperado almoço.
Entro e começo o giro habitual e ritual pelas ruas onde estar andando nelas é mais prazeroso do que não poder fazê-lo....
Os pontos de paradas cada vez maiores aumentam o tour costumeiro. Engraçado, minutos antes o cenário era de uma esfera totalmente outra: suor, fervor, gemidos, sussuros e gozo e agora o cenário era de total paz, contemplação, reflexão e respeito. A completa contradição, marca incontestável de mim mesmo.
Até pelo horário, além de mim só os funcionários, pejorativamente chamados de coveiros... Me vi por instantes só entre lápides e túmulos. Os vivos eram eu, os passaros e os funcionários sentados na entrada do cemitério. Bem, esses eram os vivos que vi.
Visitei meus avós, poxa já são três.... os quatro bisavós maternos, trisavós, tetravós, tios-avós, tios e alguns amigos que já não podem fazer esse tour pelas ruas do cemitério, pois já fazem parte delas. Todos são uma referência tosca: quadra A, número 10. Já o espaço ocupado varia de tamanho, cor, material, enfim... quase nunca ao gosto do habitante.
Nunca importei-me em estar dentro de um cemitério. Depois das velhas igrejas, museus, teatros, alguns mercados municipais, certamente o cemitério está no meu roteiro...
Estar dentro de um é conhecer um pouco da história de uma cidade, de sua gente extinta, da família através do tempo. As vezes passo e volto: _ nossa conhecia esta pessoa, nem sabia que estava aqui. Engraçado. Penso: Será que um dia, alguém poderá dizer isso ao ler meu nome? Quer saber, que importa.... ainda se eu pudesse explicar e dizer: pois é vivi, amei, tive medo, coragem, conheci lugares, outros não cheguei a ir e no fim acabei aqui, com ou sem dor com ou sem amor é o que restou .....
Cada nome, tem sua história, uma memória que me recuso a acreditar que deixou de existir com o derradeiro suspiro. Quase todos ali tem pessoas do lado de fora dos muros que sentem saudades, que as vezes choram sua ausência.
Não encontrei nenhuma alma viva para dizer bom dia.... e como é bom dizer bom dia estando num cemitério, não há lugar melhor, mais otimista para um bom dia rsssssssss
Findo meu passeio, visitado pessoas que deixaram saudades e marcaram minha vida sento-me na porta do cemitério com os 'meninos' e travamos um debate político, afinal as eleições estão chegando e somos mortos demais ao votar. Sempre votamos num fantasma, ou nos fingimos de mortos, opa, não quero continuar a frase, rsssss não aqui. Ou votamos num morto, que não tem história, nem memória e nem uma lápide sequer.
A prosa acabou com o telefone avisando que mais um morador iria ocupar as ruas calmas daquele lugar. Fui para casa, feliz por estar vivo; por poder visitar os que já não tem mais esse privilégio, ou não como sabemos, sei lá. Sei que muitos não entenderão nada, outros odiarão o texto. Nem me importo. Acho que vida e morte são inseparáveis. Chegadas e partidas, fazem parte de nossas vidas e amar e ter saudades também faz parte da felicidade. Quanto ao cemitério, inevitavelmente você haverá de entrar nele um dia sem poder sair para tomar um café na esquina e aí sim, ele se tornará um lugar desagradável, antes não, é apenas parte de nossas vidas e de nossas memórias.... O café depois da visita estava ótimo, bem quente, quase fervente.... Fui

O remédio falhou, voltei a escrever.....

Anjos

Não sei a linguagem dos anjos. Nem sei se existem. Na verdade não sabia. Eles falam, se portam, agem como nossos amigos. Acho que se existem mesmo, só podem ser nossos amigos. As vezes moram na nossa casa, porque além de anjos são nossos parentes... aqueles chatos ligados com a gente pela implacável genética....
Nesta fase difícil, que começa chegar ao fim, não sei o que seria de mim sem esses anjos. Ser meu anjo não é fácil, sei que não. Claro que todas as minhas características mais marcantes se atenuam no meio de uma crise, rsssssssss Fiquei menos chato, menos arrogante, exigente... mas já estou voltando ao normal. Tem gente querendo que eu continue em crise, rssssssssss Anjo, anjo!!!!!
Este texto é um mero desabafo que só poderia ser escrito neste meu retorno ao blog, amanhã já não teria sentido. Só por isso quero registrá-lo.
Inconscientemente sei que busquei meu fim em parcelas. Para quem quis ficar em pé no dia que abriu o peito na UTI, dias sem querer levantar da cama, jamais foram por mim imaginados. Outras peripécias nem precisam ser ditas, melhor, esquecidas o quanto antes.
Anjos, quando tudo passar por completo muito terei aprendido, como aprendido já tenho tantas coisas. Inclusive a principal.
A fase pior já passou. Já vejo mais coisas positivas do que negativas em tudo... Já começo a refazer sonhos, novos e velhos projetos. Já choro menos, riu discretamente sempre que os vejo.
Só queria que soubessem que sou cosciente da valiosa ajuda de todos vocês... que sou cosciente do grande aprendizado vivido. De que se aprende muito mais pela dor do que pelo amor, mas que sem ele, nada tem importância.
Segundo dizem e li, a crise na minha idade (21, rssssss) é a mais doida e mais importante para grandes mudanças que só os inquietos e cedentos de grandes desafios e muito conhecimento passam.... Opa, minha velha modestia voltando. Bom sinal!
Tenham paciência comigo, mais um pouco só.... estou reconstruindo uma pessoa melhor, mais não se animem muito, continuarei com meus mais lindos defeitos. Não posso dar nome aos meus anjos, vai que esqueço de um e perco. Na minha fase, um anjo a menos pode ser fatal....
Amo todos vocês....

Evolução X Estagnação

Outro dia revi um velho amigo... daqueles da infância e adolescência.
Nossa quantas primaveras não o via. Quantos verões passou ele em Caraguá. Quantas conversas teve, amores, outros amigos, quanta ceveja deve ter tomado, quanto fogo amarrado. Quantos livros deve ter lido, talvez escrito, quem sabe.
Nada, parecia que o tempo não passara. Foi como se eu o tivesse visto pela última vez no dia anterior. Será que ele teve a mesma impressão de mim? Impossível. Mudo a cada dia. Mudei verdadeiramente várias vezes e assim pretendo até que a mudança final se dê. Quando chego alguma conclusão sobre qualquer coisa, torço para ser convencido do contrário....
Já ele era a mesma pessoa que há tempos não via. Se minha memória não me trai, contou a mesma piada que ouvi da última vez que o vi. Juro, angustiei-me profundamente. Pensei, como é possível não mudar, não evoluir, afinal tudo caminha para evolução, mesmo que lenta e as vezes imperceptível. Nem a marca do cigarro ele mudou, nem mesmo parou de fumar....
Outro dia lembrei doutro amigo, este mais jovem que não teve o privilégio de ter sido meu amigo de infância e nem da adolescência, se bem que fui um adolescente bem chato, admito, rsss. É daqueles amigos que conhecemos e aprendemos a gostar depois da idade adulta. Sei que nem sou tão adulto assim, rssssss Nem quero ser também... Minha mãe que diga. Minh'alma será de uma eterna criança, hoje um pouco distante, mas que logo se encontrará novamente.
Bem, lembrei dele porque quando o conheci era um moleque bem chato, daqueles que a conversa não flui, não resiste por muito tempo, sabe como é? O conheci através da política. Tinha certo medo dele. Achava que era melhor tê-lo por perto do que longe, sabe como é... Pois é.... esse cara, cresceu, evoluiu, aprendeu, tornou-se extremamente inteligente, sagaz, perspicaz. Como é legal observar a evolução cultural, musical, intelectual e profissional de pessoas que gostamos. Hoje sou seu fiel leitor, amigo e admirador... Como escreve bem o fdp.... (tem um blog tb, bem melhor que o meu, e olha que não sou modesto) nem parece aquele cara chato de alguns anos atrás e olha que nem faz tanto tempo assim que o conheci. Serei eternamente grato pelo que me fez nestes últimos cem dias. Por ter me ouvido, falado comigo, puxado minhas orelhas, me visto chorar, ficar pingueiro, bem isso não é privilégio dele, rsssss. Apesar de mais jovem (pouco só) sua percepção da vida vai além de sua pouca idade. Acertou quase tudo que estava acontecendo e que ia acontecer, ai foi bom, economizei no psiquiatra, rsssssssss.
O primeiro amigo, o do começo do texto, certamente não irá ler este texto, e se ler talvez, não perceba que escrevi dele, já o segundo, o mais jovem que eu (mas nem tanto, rsssssss) com certeza lerá e certamente saberá que é dele que escrevo. Infelizmente e felizmente outros conhecidos e amigos tiveram comportamento semelhantes, mas não vale a pena alongar-se muito no tema.... delicado, rsssssssss
Valeu amigo, sou seu fã e lhe serei eternamente grato por tudo que fez por mim.
Abraço e não deixe de escrever nunca. Você tem futuro, aposte nisso.

Retorno, difícil retorno

Voltar. Retornar, tornar a ver, rever... Voltei.
Passaram-se cerca de cem dias, cem noites, mais noites que dias da última postagem. Quase um terço do ano. Nossa como esse tempo corre. Nem tinha me ligado... Fiz este blog para postar minhas mal escritas linhas e fiquei sem com 's' e 'c' sem escrever nada. Voltei...
Cá estou de volta neste cantinho de anotações, borrões, esbarrões entre mim e meus desvaneios.
Voltar é sempre difícil... Voltar para casa depois de uma noite na farra, de fogo... Voltar para academia; voltar a sorrir; dormir sem uma porra de um comprimido. Voltar a escrever neste blog. Retornar é sempre complicado.
Pensa comigo! As vezes não queremos voltar não é?!. Queremos ir adiante, mais longe, bem longe. Mas voltamos, retornamos. Acho até que mais voltamos que seguimos em frente. Acho que voltar é encontra-se com a gente mesmo, com nossa realidade, nossos medos, limitações, sentimentos mais verdadeiros. Voltar é reencontrar consigo mesmo.
No fundo só retornamos porque retornar é estar onde queremos estar. Se voltamos é porque ausência só serviu para alimentar a volta....
Não tem jeito, as vezes a chuva atrasa nossa volta; o trânsito intenso; o sol forte; novos amigos; novos amores; desafetos; desafios.... mas no final voltamos. Não queria escrever hoje, voltar para o blog hoje, mas: Voltei
Dizemos mais: voltei que cheguei... dizemos mais: gostei de ir, mas retornar é melhor.
Quantos vezes vamos e voltamos? nossa muitas.... Se é bom? sei lá. Só sei que o gosto da volta é melhor que o da partida.
Voltei....