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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Liberdade sempre

As declarações do deputado federal carioca, Jair Bolsolaro, tiveram grande repercussão em todas as mídias nos últimos dias e reacendem debates delicados como o preconceito de raça e orientação sexual e as medidas e projetos polêmicos sobre estes assuntos.
Particularmente eu não faço coro em absolutamente nada do que diz o ilustre deputado, muito pelo contrário, tenho opinião contrária a quase todos os posicionamentos externados pelo parlamentar, contudo, considero que a diversidade, a convivência, o respeito e especialmente a liberdade de opinião que tanto desejamos, por vezes, contraditoriamente é posta em xeque nas muitas manifestações contra o citado cidadão.
No nosso ordenamento jurídico racismo é crime, e, constatado como penso ter sido o referido crime, na fala do deputado ao responder a pergunta da cantora Preta Gil, deve o mesmo ser processado e punido no rigor da lei, dando assim exemplo aos que ainda insistem nas práticas racistas que considero prova maior da ignorância e intolerância.
Fazer relação da promiscuidade com a cor da pele ou a opção sexual de uma pessoa é acima de tudo ignorância e intolerância, além de crime no primeiro caso. Crime se pune, mas ignorância se combate basicamente com educação e informação.
Infelizmente, nosso país ainda carece de muita educação e os excessos de preconceitos de toda ordem tem relação direta com a falta de educação e cultura que inevitavelmente tem reflexo nos nossos representantes, mas que felizmente, dia a dia tem perdido terreno para informação, educação, tolerância e convivência pacífica entre as diferenças de toda ordem.
As posições ultraconversadoras do deputado encontram eco na sociedade que o elegeu como encontra eco posições ultraliberais diametralmente opostas (inevitável redundância). Nós, defensores de posições liberais, libertárias e especialmente em defesa da diversidade de toda ordem, devemos defender nossas posições na tranquilidade de quem defende a liberdade de ação e expressão sem incorrer no mesmo erro dos intolerantes e preconceituosos. Ser liberal e democrático de fato e não fazer sofismos é sobretudo conviver com opiniões conservadoras e totalmente contrárias do que as nossas.
Faz-me lembrar de Voltaire: “Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo”. Lamento muito as posições defendidas pelo nobre deputado, exceto as relativas as cotas raciais que considero a institucionalização pura do racismo (sou a favor de cotas sociais que visam diminuir as enormes desigualdades e nunca as raciais, pois admití-las é aceitarmos que somos diferentes, coisa que nunca acreditei), porém escrachá-lo por suas posições conversadoras e destoantes com a época que vivemos é legitimar todos que, não pensando como nós, e, infelizmente ainda são muitos, tentam fora do debate sério e ético diminuir nossas ideias. Num país democrático como o nosso, liberais devem conviver e aceitar àqueles que defendem com respeito e tolerância posicionamentos conservadores, afinal parte da sociedade é conservadora, infelizmente.
Sei que este meu texto, como quase todos, será muito polêmico, mas estou defendo aqui a liberdade total de expressão e ação, desde que observados os requisitos mínimos da educação e respeito com o próximo, tão elementares que dispensam comentários. A ditadura da minoria é tão ou talvez mais permissiva que a ditadura da maioria e eu sou e sempre serei um democrata convicto.
Senhor Bolsonaro, espero que suas ideias racistas, homofóbicas e preconceituosas sejam combatidas e punidas, se for o caso e acho que é, e mesmo não concordando com quase nada do diz, defenderei seu direito de dizê-las como defenderei sempre a liberdade de expressão à todos, sejam das minorias ou da maioria e aí me faz lembrar Caetano Veloso: “Ë proibido proibir”.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O tempo mudou

Uma das coisa que, mais uma vez, me chamou atenção nas minhas andanças pela Europa é o considerável aumento da longevidade. Na Itália na última década quadriplicou o número de pessoas que atigiram os cem anos. O mesmo País fica cada vez mais velho, posto que o índice de natalidade é baixíssimo e o da longevidade cada vez maior. Na Espanha a discussão era o aumento da contribuição social para, se eu não me engano, 67 para aposentadoria e ou 37,5 de contribuição, tudo resultado do aumento de vida e a diminuição das pessoas em idade de produção.
O aumento da longevidade e a diminuição das taxas de natalidade, não é só um fenômeno europeu sendo também percebida noutros Países desenvolvidos e em desenvolvimento como o nosso.
Não estamos vivendo mais somente porque demoramos mais para morrer. Estamos vivendo mais porque estamos amadurecendo antes também.
No meu retorno ao Brasil, viajei ao lado de uma menina de dez anos totalmente madura para idade. Hoje as crianças tornam-se adolescentes mais cedo e, portanto, permanecem na fase jovem mais tempo.
De outra banda as pessoas estão demorando muito mais para envelhecer. Estamos chegando aos trinta com cara e cabeça de vinte; chegamos aos quarenta com cara e cabeça de trinta e assim sucessivamente. Recentemente conheci uma mulher com 61 anos que, juro, não dava mais que quarenta.
Além de viver mais, estamos vivendo melhor a fase jovem e adulta, bem como, a melhor idade ou velhice. Estamos adiando não só a morte mas estamos antecipando a adolescência e juventude e adiando também a chegada da conhecida meia idade, tanto nos hábitos quanto na aparência.
Hoje as avós e avôs não têm mais a cara dos avós de cinquenta anos atrás. Já é possível encontrarmos avós nos sites de relacionamentos de seus netos e quando muito frequentando a mesma balada, barzinho, cinema, etc....
Não raro encontramos pessoas com quarenta, cinquenta interagindo sem nenhuma barreira com pessoas de vinte e trinta.
Lembro que se dizia: Passados os 18 anos tudo se igualava até as pessoas de aproximadamente trinta, mas hoje essa faixa limite aumentou-se consideravelmente e eu diria que chegando aos 18 tudo se iguala até os cinquenta, rssssss
Temos uma nova realidade, novos conceitos, novas figuras de pais, avós, bisavós.
Muito terá que ser repensado e refeito a fim de que possamos entender os novos tempos, especialmente as novas idades.
Acredito que o tempo 'útil' para o trabalho deverá sofrer urgentemente uma mudança atrasando-se o ingresso, dando mais tempo para o estudo e o preparo das pessoas e esticando-se a idade para a permanência no mercado de trabalho, posto que cada vez vivemos mais e temos menos filhos.
Portanto, na minha ótica, polêmica como sempre, é preciso entrar mais tarde no mercado de trabalho aumentando-se o tempo de estudo, hoje tão insuficiente e precário e esticando-se a idade para se aposentar, afinal, não raro encontramos pessoas com mais de oitenta totalmente capazes e felizes mantendo-se útil.
Exemplos: O atual papa foi eleito com oitenta anos e em plena atividade eclesiástica e ao que tudo indica terá muitos anos a frente da igreja que comanda. O presidente do Senado da república tem mais de 80 anos e acaba de ser reeleito pela quarta vez presidente daquela casa de leis. Fico nos dois exemplos para mostrar que a idade útil para o trabalho deve ser revista, afinal não queremos nossos velhos, nem nossa velhice entregue aos jogos das praças públicas e ou dos grupos de terceira idade, cada vez maiores por todo mundo. Os novos avós viajam, namoram, bebem cerveja nos bares e daí por diante.
Estar atentos para as mudanças e prepararmos o mundo que vivemos para elas nos trará menos problemas e dissabores. O tempo mudou, mudemos....

sábado, 13 de novembro de 2010

Meses de lacuna no blog



Acabei de perceber, através do histórico do blog, que os meses de junho, julho e agosto, passaram em branco neste blog. Silêncio sepulcral. Cerca de cem dias, talvez bem mais que isso. Dias muito difíceis... Também produzi bastante, mas nada postado por aqui, quem sabe um dia numa obra de auto ajuda, rssss. Dias de aprendizado intenso, epecialíssimos pela depuração, transformação, inquietação, indefinição, dor, muita dor, tristeza. Angustia vivida minuto a minuto, espera sem fim até que o vi...
No começo recusei a aceitá-lo, enxergá-lo, mas percebi que continuar era o meu prórpio fim. Precisava levantar, hora do recomeço, de novos projetos, de amar, primeiro, quem mais precisamos amar: nós mesmos.
Como um bebê que aprende a andar devagar, caindo muito, a gente começa passo a passo, dia a dia, conquistando nossos horizontes, caindo menos, indo mais longe sem alguém por perto, sorrindo com as quedas, chorando com outras e andando, andando, cada vez mais longe.
Entendi que não tem angustia, quem não tem com o que preocupar-se; não sofre quem não tem sensibilidade; não chora quem não tem perdas; não tem perdas quem nada tem e vive de ilusão. Não se deprime quem não se importa com nada e com ninguém. O egoísta vive bem, pensa que vive.
Quer saber, não conheço ninguém que valha a pena que não tenha tido vários momentos de reflexão, de dor, de desamor, de angustia, de depressão. Infeliz, dos que não sofrem, dos que não se importam com suas vidas e pior, com as vidas alheias... Sou feliz por chorar, sou feliz por sofrer, sou feliz por tentar reencontrar-me com calma, segurança, por ter amigos verdadeiros, sinceros, família presente (até demais, rsss). Triste é querer sorrir quando se quer chorar, triste é estar no mar quando se quer amar, triste é querer voar quando só se pode andar... triste mesmo é não perceber que se está triste. Continuo triste, consciente que é uma das minhas melhores fases, consciete que preparo-me para o melhor da tristeza: a fase feliz que dela sempre nasce. Como diz o poeta - tristeza não tem fim, felicidade sim...

Adriano Bedore