domingo, 31 de outubro de 2010

A morte sem mortos

Despedir-se dos mortos que amamos é um adeus impróprio e sem qualquer sentido lógico. Não se morre, nem se mata os que fizeram parte de nossas vidas pois viveram e viverão em nós para sempre. As lembranças daqueles que passaram por nossas vidas , permanecerão para sempre em nossa memória e nos seguirá para onde quer que iremos.
O medo do esquecimento, da distância diante da morte, é pura irrealidade. Quando amamos de fato uma pessoa, sua morte física ou simbólica não a faz desaparecer de nossas vidas. Ledo engano.
A morte é inevitável enquanto fato natural de nós mortais com ínfimos prazos de validade. A morte também é as vezes inevitável enquanto mudança de postura, sentimentos e ações que mudam com o tempo. Mas é inútel pensar que pessoas que amamos morrerão um dia em nossas vidas. Buscar esquecer ou imaginar ser possível esquecer aqueles que acreditamos ,mortos é inútil, impossível e sem sentido real.
Os mortos que amamos, nunca morrerão dentro de nós, sempre nos seguirão com marcas que deixaram em nossas vidas. A morte é de fato mentirosa, ilusória e irreal.
Todos que passaram em nossas vidas e despertaram o sentimento do amor, viverão para sempre em nós. Viverão em nossas lembranças, ocupando espaços que o tempo apenas ajustará o tamanho da importância que deixaram.
A eterna espectativa de um reecontro com os que fizeram parte de nossas vidas continua sendo uma das maiores esperanças, de nossas também eternas vidas.
Quando amamos e somos amados nunca morremos, viveremos eternamente no coração, alma, espírito, seja o nome que se dá, daqueles que trocamos este sentimento que é a argamassa que constroi um vida eterna, sem morte, sem mortos...
Se choramos nossos mortos que na verdade vivem em nós, fazemos porque ainda não entendemos e lidamos bem com a distância física que nada representa senão a impossibilidade de tocar aqueles que para sempre tocarão nossas vidas com a mão da saudade e do amor que um dia nos uniu...
Morrer é renovar a vida. Viver é renovar as inevitáveis despedidas; é ver os que amamos com o coração, com a alma que nos uniu, com os olhos da saudade e da liberdade que sempre manterá viva a pessoa amada, matando a morte.
Morrer é viver para sempre.
Viver é saber que um dia seremos eternos mesmo com a aproximação de um fim que é pura ilusão para quem ama.
Viver é morrer aos poucos, lentamente, já que morrer é nascer para eternidade.
Quem ama não morrerá jamais e quem nunca amou já está morto sem saber que jaz...

Adriano Bedore


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