segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O tempo e o vento dentro da matriz


Fazia tempo que não ia ler no largo da matriz
Fazia tempo que não entrava naquele monumento de história e fé
Fazia tempo que não rezava, mesmo que no silêncio
Fazia tempo que o tempo não era visto pelo relógio da matriz

Vazia, sem uma alma viva só enxerguei toda sua beleza
Vazia, com pouca luz enxerguei a imagem de Jesus batizado
Vazia, minha vista escurecia e minh´alma enchia de paz sem fim
Vazia, sentei-me no santíssimo e num ato de fé ajoelhei-me.

Ouvia sem medo o lamento dos que estiveram ali sepultados
Ouvia com respeito o murmurio dos enterrados debaixo do piso surrado
Ouvia os fantansas e com pouco de imaginação via seus osos dentro das paredes
Ouvia os cantigos, as ladaihas e até a homilia dos padres maçons

Pensei, quanto de mim residia ali, quanto de Atibaia só tinha ali
Quanto de história viva passava por ali aos olhos dos mais atentos
Resolvi sair. Os personagens se multiplicavam na minha frente e eu em silêncio
Resolvi voltar ali com tempo e ouvi-los falar de mim talvez de outro tempo
Ou somente ouvir o vento que assobra há tempos só dentro da matriz.

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